Corria no ano de 1910. Luiz de Mattos com 50 anos e Luiz Alves Thomaz com 39. Ambos Ricos. Esse dois espíritos evoluidíssimos iniciaram neste ano de 1910, a grandiosa missão de que estavam incumbidos: A divulgação da Vida Fora da Matéria, isto é, do Espiritismo Racional e Científico Cristão, que Jesus, o Cristo, praticara e procurara difundir e que durante séculos ficara hibernado, por falta de condições para ser divulgado.
Quem despertou esse espiritismo, feito pelos espíritos Superiores, foi o Padre Vieira, o qual como Presidente Astral desse novo movimento, punha o homem encarnado, pela primeira vez, em contato com entidades evoluidíssimas, num pequeno centro de pessoas pobres e humildes.
Os Espíritos que manifestavam nessas Sessões, apesar de já terem sido homens, não viviam mais junto ao planeta Terra. Faziam parte de uma humanidade desencarnada, depurada, vivendo em sociedades redimidas, em Mundos de Luz puríssima, disseminados nesse Universo incomensurável.
Os Espíritos que manifestavam nessas Sessões, apesar de já terem sido homens, não viviam mais junto ao planeta Terra. Faziam parte de uma humanidade desencarnada, depurada, vivendo em sociedades redimidas, em Mundos de Luz puríssima, disseminados nesse Universo incomensurável.
Esses Espíritos Superiores, possuíam outros valores morais, cujas mentes tinham tal desenvolvimento que nós com a nossa humilde evolução, ainda não podíamos compreender muito bem, pois os Mundos Materiais, em que vivemos encarnados, são Mundos Escolas, onde nas nossas interações, predominam as grandezas: Tempo, Espaço e uma Condição Mental, condicionada por uma educação religiosa, impingindo-nos a adoração a um deus imaginário, o qual devemos temer, por ser todo poderoso e místico.
Essas manifestações de Espíritos Superiores que Luiz de Mattos e Luiz Alves Thomaz, assistiam pela primeira vez, somente eram possíveis ocorrer, com a constituição de uma Corrente Fluídica de apoio, proporcionada por médiuns de moral relativa, em conjunto com outras pessoas também de boa moral, para sustentarem essa Corrente e permitirem a comunicação dessas entidades.
Nessas condições, os Espíritos Superiores, tinham ambiente para afastarem obsessores, fazerem a Limpeza Psíquica da assistência, produzindo curas inacreditáveis.
Em face dessa nova dimensão da vida revelada nessas Sessões Espíritas, Luiz de Mattos e Luiz Alves Thomaz, acharam por bem, fundarem um Centro para estudo desse novo Espiritismo, que em nada se assemelhava ao Espiritismo praticado pelos brasileiros e difundido pela Federação Espírita Brasileira que prega o Kardecismo e o Roustanghismo.
Então, unidos por um só querer, fundaram em 26 de janeiro de 1910 o Centro Espírita Amor e Caridade, à Rua Amador Bueno nº 190, no centro comercial de Santos, cujo prédio pertencia a Luiz Alves Thomaz.
Luiz Alves Thomaz, publicou o livro: “Relatório Histórico do Centro Espírita Amor e Caridade”, em Santos, no dia 26 de abril de 1913, onde ele relata a história da fundação do Centro, a qual abaixo transcrevemos:
“Sede e Hospital – Como sabeis, após algumas sessões preparatórias, sob a presidência do nosso irmão Luiz José de Mattos, foi inaugurado em 26 de Janeiro de 1910. À Rua Amador Bueno n°. 190, sobrado, cujo prédio fora alugado para servir de sede do nosso Centro, que de acordo com os nossos Guias, ficou denominado” Amor e Caridade sendo também nessa ocasião apresentado o projeto dos Estatutos.
Devido porém, ao incremento tomado por este Centro, às curas realizadas e a grande freqüência a todas as Sessões, que eram, como continuam a ser, públicas, esse prédio tornou-se insuficiente e a então diretoria, em 9 de abril de 1911, resolveu a construção de um prédio apropriado para os nosso trabalhos.
Nessa Sessão ficou deliberado que o prédio seria de um andar, sendo porém os alicerces e paredes externas, feitas de forma que em qualquer tempo, se pudesse levantar um pavimento superior, onde se estabeleceria um hospital para obsedados.
A maneira prática porque foi levado a efeito este desiderato, consta da exposição que o nosso Irmão Tesoureiro fez no seu relatório “(Abaixo transcrevemos parte dessa exposição.)
Relatório do Tesoureiro: Para demonstração cabal do ativo e do Passivo do Centro Amor e Caridade, necessário se torna fazer um rápido resumo, sem o qual impossível seria essa demonstração.
Antes da inauguração do prédio em que funcionam Centro e Hospital, as despesas eram feitas de acordo com as mensalidades pagas espontaneamente por diversos Irmãos.
Em Sessão, porém, de 9 de Abril de 1911, o irmão Luiz Alves Thomaz, atual Presidente, que já havia doado um terreno com 16 metros de frente, por 50 de fundos, a Av. Ana Costa, prontificou-se a fazer ao Centro um empréstimo, sem juros, e que serviria para a construção de um edifício no referido terreno, destinado aos trabalhos do Centro.
Aceita a proposta, o então presidente do Centro assinou o respectivo contrato para a construção, com a firma Domingos Pinto & Cia, pela quantia de 40.000$000 de acordo com a planta então apresentada.
Mas no correr da construção e de acordo com os nossos Guias, o Irmão Luiz Alves Thomaz, resolveu modificar a planta e ampliar o prédio, de maneira a que pudesse servir, não só para os trabalhos no Centro, mas igualmente para o hospital de obsedados, que necessitarem de mais demorado tratamento.
Assim é que essa modificação, não só elevou o custo do prédio a 100:000$000 como retardou a sua inauguração.
Os acréscimos e divisões extracontrato importaram em mais 6:000$000, assim como o mobiliário, rouparia, etc. em 11:000$000, sendo, portanto o custo do edifício e montagem do Centro e Hospital, o seguinte:
16 metros de terreno 8:000$000
Construção do prédio 100:000$000
Acessórios 6:000$000
Mobiliário, etc. 11:000$000
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Total 125:000$000
Em sessão de 28 de Julho de 1912, conforme consta da respectiva ata, o irmão Luiz Alves Thomaz declarou que fazia doação ao Centro dessa importância, para que ficasse constituído o seu patrimônio.
Esta Tesouraria, em sessão de 23 de Setembro de 1912, tendo participado que a receita proveniente das mensalidades pagas pelos irmãos, era unicamente duzentos e poucos mil reis, insuficientes, portanto, para custeio do hospital que era de 1:500$000, o Irmão Presidente declarou que, estando residindo no hospital com a sua família e tendo assumido a sua direção, se prontificava a custear o mesmo, podendo as mensalidades dos Irmãos que espontaneamente concorressem, serem depositadas em um estabelecimento bancário, em nome do Centro.
“Cabe-me (continua o Relatório de Luiz Alves Thomaz), porém, dizer-vos que o edifício só ficou terminado a 10 de Junho de 1912, realizando-se a inauguração a 21 do mesmo mês e ano, em homenagem ao nosso caritativo Guia São Luiz de Gonzaga, pelo aniversário da sua última desencarnação.”
“Não é meu intuito louvar tal esforço (erguer este edifício) e fundar sobre este planeta o primeiro hospital para a cura de obsedados, loucos, nem encarecer este sensacional acontecimento, que causou, como era natural, não só nesta cidade de Santos, como em todo o país e no estrangeiro, justificável assombro, pela novidade e pela audácia dos fundadores.”
“A inauguração do nosso hospital, foi, portanto, um acontecimento extraordinário, um verdadeiro assombro, um escândalo, como o qualificou um dos oradores, na festa da inauguração. Escândalo por que? Porque afrontava a sociedade nos seus preconceitos, na sua crença e nas suas tradições, vendo erguer-se triunfalmente, e dominadora a Doutrina Espírita, prestando importantíssimos serviços à humanidade, com uma convicção e um desassombro, que só apóstolos de uma idéia sacrossanta, de uma doutrina pura e inabalável, animada pela fé e pelos sentimentos do amor e da fraternidade, podem levar por diante, desprezando afrontas e sacrifícios.”
“Não temos porém, que vangloriar-nos por este fato, porque dominados por uma fé e uma crença vivas, ao serviço de vontades inquebrantáveis, deixando guiar-nos pelos espíritos que nos protegem e nos quais confiamos em absoluto, a eles e unicamente a eles deve a humanidade agradecer os benefícios que tem recebido neste Centro por nosso intermédio, porque são eles os verdadeiros apóstolos da Verdade, fazendo jorrar a luz e a caridade por sobre a face deste planeta, rechaçando as trevas da ignorância, alargando ao infinito os horizontes dos conhecimentos humanos e eliminando a dor e os sofrimentos.”
“Os dados estatísticos de que adiante fazemos menção, mostram claramente com fatos irredutíveis, com provas irrecusáveis, que grande número de infelizes ainda encarnados, tem encontrado neste Centro, alívio para os seus sofrimentos e consolo para as suas mágoas.”
Apesar disso porém, desumana, perversa, mas improfícua, tem sido a luta que se estabeleceu contra este Centro, que nada deve e que nada pediu a quem quer que seja, limitando-se a espalhar indistintamente a caridade, por aqueles que a vem procurar, trazidos, uns pela fé e pelos exemplos e outros unicamente pela necessidade, depois de desenganados lá fora pelos luminares da ciência médica.”
“Embora seja presentemente entristecedor, ver que a maioria dos enfermos só vem aqui procurar alívio depois de desenganados pela ciência médica oficial e como um recurso extremo; esses mesmos, pela sua falta de conhecimento, vem esperando, não uma cura racional e científica, com o tempo necessário para eliminar a causa e atenuar os efeitos, mas acreditando numa cura milagrosa, rápida e instantânea, espécie de ”surge et ambula“, como se tivesse à fé e a pureza espiritual de Jesus”. — Discurso de Luiz de Mattos proferido na inauguração do Centro Espírita Amor e Caridade de Santos.
